Prévia do PIB saltou 0,69% em junho e as perspectivas para o crescimento da economia no ano foram a 2%

O arrefecimento da inflação nos últimos meses deu espaço para o mercado ampliar as perspectivas do crescimento econômico. Com a melhora das condições econômicas, os analistas consultados pelo Banco Central revisaram para cima o Produto Interno Bruto (PIB), prevendo um crescimento de 2% ao final de 2022, de acordo com o Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira, 15. Há um mês, a projeção do PIB era de 1,75%, e no início deste ano as projeções se aproximavam da estagnação. Os dados trazidos pelo mercado financeiro indicam novo trunfo a ser utilizado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) na campanha eleitoral, que a partir desta semana toma oficialmente as ruas do país.

Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação do país, caiu de 7,11% para 7,02%. A queda é ainda maior que há de um mês, quando a projeção para o índice era de 7,54%. O arrefecimento nos preços é resultado da medida encabeçada pelo governo Bolsonaro de reduzir o imposto sobre os combustíveis (ICMS). Embora as projeções de preços estejam caindo para este ano, a inflação começa a transbordar para o próximo, devido ao aumento dos riscos fiscais gerados pelo atual governo com o novo estouro de gastos para ampliar os benefícios sociais. Para 2023, a previsão de inflação saltou de 5,20% para 5,38% e o PIB caiu de 0,50% para 0,41%, nas comparações de um mês atrás contra os dados atuais do Boletim Focus.  

Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do PIB, também veio acima, com avanço de 0,69% em junho na comparação com maio, na série com ajustes sazonais. “Para o segundo semestre, a perspectiva é de um arrefecimento da atividade, frente aos efeitos da elevação dos juros e da alta inflação”, diz Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research. Na última ata, o BC indicou uma possível alta de menor magnitude a prolongamento dos juros altos devido aos riscos e incertezas globais e domésticas que ainda pressionam a inflação. Para parte do mercado, a Selic deve encerrar o ano em 14%, para outros, deve permanecer no atual patamar de 13,75%. Os economistas avaliam que a retomada do mercado de trabalho e a redução de impostos e incentivos fiscais podem dar um fôlego para o terceiro trimestre, mas as perspectivas para os últimos três meses do ano podem voltar a impactar o PIB. “Juros altos, inflação disseminada e esgotamento dos benefícios da reabertura da economia devem impactar negativamente a atividade”, avalia Sung.