O governo corre contra o tempo para aprovar no Congresso alterações nas regras de pagamento dos precatórios ainda neste ano. A área econômica entende que isso é necessário a fim de cumprir o objetivo do presidente Jair Bolsonaro de ampliar o programa Bolsa Família no ano eleitoral de 2022, o que exige elevação do gasto público.
O Ministério da Economia foi informado pelo Poder Judiciário que os precatórios — dívidas da União com pessoas físicas, jurídicas, estados e municípios reconhecidas em decisões judiciais definitivas —vão somar R$ 90 bilhões em 2022, ante os R$ 55 bilhões orçados neste ano.
Em razão desse forte crescimento, o governo quer alterar as regras de pagamento das sentenças judiciais como forma de abrir espaço no teto de gastos (regra que limita a maior parte das despesas à inflação do ano anterior) para destinar recursos ao novo programa social.
A pretensão é aumentar o benefício médio do Bolsa Família dos atuais R$ 189 para cerca de R$ 300 em novembro e dezembro de 2021.
Para isso, o presidente Jair Bolsonaro assinou nesta quinta-feira (16) decreto que eleva até o fim deste ano a alíquota do IOF – Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários (vídeo abaixo).
Para 2022, além do benefício médio em R$ 300, o governo pretende ampliar o número de famílias beneficiadas de 14,6 milhões para 17 milhões. Isso implicaria, segundo o Ministério da Economia, gastos adicionais de R$ 26 bilhões a R$ 28 bilhões.
A área econômica do governo já fez uma proposta para mudar as regras dos precatórios e vem discutindo com os representantes dos demais poderes outras alternativas. Saiba quais são:
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que vê dificuldades para criar um programa social “exequível” sem as mudanças de regras dos precatórios.
Por isso, fez nesta quarta-feira (15) um “pedido desesperado de socorro” aos presidentes do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, e do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux.
Guedes tem dito que, sem mudanças nas regras dos precatórios, o Orçamento ficaria muito baixo, podendo “parar Brasília” para não descumprir o teto de gastos e a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
Após o presidente Jair Bolsonaro ter divulgado carta recuando em críticas ao Supremo Tribunal Federal, o governo busca marcar uma reunião com os presidentes dos demais poderes da República para discutir as mudanças nas regras dos precatórios.
Integrantes do Ministério da Economia seguem defendendo a proposta de parcelar os precatórios (vídeo abaixo), mas também se mostram abertos a outra alternativa: o estabelecimento de um limite para essas despesas, proposta discutida no âmbito do CNJ.
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