O aumento de 0,75 ponto percentual da taxa Selic (juros básicos da economia), para 3,5%, ao ano recebeu críticas de entidades do setor produtivo. Segundo elas, a alta da inflação é temporária, e o governo deveria estar estimulando o crédito, principalmente num momento de agravamento da pandemia de covid-19.
Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) classificou de “equivocada” a decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) de reajustar a Selic. Na avaliação da entidade, a atividade econômica, que vinha se recuperando no início do ano, voltou a desacelerar por causa da segunda onda de casos de covid-19, com a atividade industrial caindo 3,4% em março na comparação com fevereiro.
“O setor produtivo ainda sofre com os efeitos negativos ocasionados pela pandemia. Nesse momento, as medidas deveriam ser para estimular o crédito para consumidores e para empresas, no entanto, esse segundo aumento da Selic, de forma bastante expressiva, aumenta o custo do financiamento e não contribui para a retomada da economia”, destacou, em nota, o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) também criticou o novo aumento de juros. A entidade ressaltou que existem setores como os serviços que continuam vulneráveis por causa das recentes medidas restritivas tomadas por vários estados e que precisariam de juros mais baixos neste momento.
“Neste cenário, a subida de juros promovida pelo Banco Central eleva a incerteza e pode intensificar os impactos negativos do fechamento de atividades econômicas, além de prejudicar a retomada do emprego verificada nos últimos meses”, informou a Fiesp.
A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) considerou o aumento em 0,75 ponto percentual da taxa básica de juros Selic como compatível com o cenário econômico atual. O aumento não surpreendeu, diz nota à imprensa da instituição.
“A despeito dos sinais de uma recuperação da atividade mais lenta, diante da situação da pandemia e do lento processo de imunização, o cenário fiscal e a escassez de insumos têm contribuído para o aumento das expectativas de inflação”, analisou a Firjan.
A entidade esclarece que no contexto de incerteza, devem ser prioridades medidas estruturais que retomem a confiança do empresário e alavanquem a economia. “É preciso avançar com urgência na discussão sobre reformas que levem a um cenário fiscal menos nebuloso, mitigando a desconfiança do investidor e contribuindo para que o país supere a crise gerada pela covid-19”, sinalizou a Firjan.
*Colaborou a repórter da Agência Brasil no Rio de Janeiro, Alana Gandra
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