SESCAP-PR acompanha de perto debate sobre parcelamento do ICMS-ST às farmácias

Notícia publicada em 18/11/2021

Nesta quita-feira (18) foi realizada uma audiência pública on-line para debater a cobrança do ICMS-ST sobre os medicamentos bonificados das farmácias do Paraná. A audiência foi conduzida pelo deputado Michele Caputo (PSDB), transmitida ao vivo pelo site da Assembleia Legislativa do Paraná e contou com representantes do Sindicato dos Farmacêuticos do Estado do Paraná (SINDIFAR), do Sindicato do Setor Varejista Farmacêutico no Paraná (SINDIFARMA), do Conselho de Farmácia (CRF-PR), da Associação dos Farmacêuticos do Paraná (APFPR) e da OAB-PR.

O SESCAP-PR, como representante das empresas contábeis, acompanhou de perto o debate sobre tema. “Estamos assistindo aos debates, pois os empresários contábeis são os profissionais que atuam diretamente com a questão tributária junto aos seus clientes. Precisamos estar atentos a toda e qualquer alteração nesse aspecto para que os empresários contábeis informem seus clientes, a fim de cumprir as exigências com o Fisco”, pontuou o presidente do SESCAP-PR, Alceu Dal Bosco.

Detalhes
O Projeto de Lei Complementar 8/2021 (PLC), do Governo do Estado, trata do parcelamento de valores relativos ao Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre medicamentos e produtos farmacêuticos, criando um programa de parcelamento incentivado de débitos fiscais do setor relativos ao ICMS (sujeitos ao regime de substituição tributária).

A proposta já passou pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e de Finanças e Tributação da Casa. “Já fizemos outras audiências anteriormente e o resultado foi positivo, evitando que o ICMS fosse cobrado com base no preço máximo ao consumidor, que nenhuma farmácia do Paraná pratica”, lembrou Caputo. “Temos situações de outros estados como São Paulo e Santa Catarina que julgamos muito avançadas. São Paulo, por exemplo, a partir de janeiro zerou a alíquota do ICMS para medicamentos e Santa Catarina cobra no destino final, portanto em cima do preço real praticado. Precisamos discutir essa questão porque envolve milhares de empregos, milhares de famílias e tem impacto na saúde pública e das pessoas”, completou o deputado.

Na próxima segunda-feira (22), o PLC vai ser analisado pela Comissão de Saúde, onde o deputado Caputo é o vice-presidente e será o relator da matéria. “Inegavelmente, houve avanços, porque havia uma preocupação do setor com os prazos, que venceriam no ano passado. O projeto reduz as multas em 100%, mas ainda tem os juros de 1% ao mês a partir da segunda parcela, pela taxa Selic, que alguns especialistas consideram que está muito elevada. E essa parcela não poderá ser inferior a R$ 679,14”, explicou o deputado.

Entraves
As dívidas recaíram sobre as farmácias, porque elas teriam sido prejudicadas pelas distribuidoras, alegam os donos de farmácias. Os medicamentos bonificados são “brindes” ou “descontos” ofertados pelas distribuidoras a partir de uma compra de alto valor. Mas eles eram inclusos nas notas fiscais. Mesmo que com um valor mínimo. Mas repassaram ao consumidor a um custo maior. É essa a diferença que agora está sendo cobrada pelo Estado.
Outro entrave é que o PLC define que a base de cálculo das dívidas tributárias seja o Preço Médio Ponderado ao Consumidor Final (PMPF), mas tanto os especialistas em Direito Tributário quanto os farmacêuticos entendem que essa base deve ser pela Margem de Valor Agregado (MVA), a forma mais comum de cálculo da Substituição Tributária, entretanto sempre deve-se verificar se os produtos vendidos estão sujeitos realmente ao cálculo por MVA ou não.

Mirian Ramos Fiorentin, farmacêutica e presidente do Conselho Regional de Farmácia (CRF-PR), lembrou que são quase 20 mil farmacêuticos no Paraná. E que a maioria das mais de 5.500 farmácias do Estado é de propriedade de farmacêuticos, cerca de 65% do total. “Acreditamos que o projeto pode ser melhorado e na sensibilidade do governador. Somos o quinto estado em população, mas o terceiro em número de farmacêuticos. Então, se menos impostos eles pagarem, isso poderá voltar em benefícios ao consumidor, com descontos, por exemplo”.
Edenir Zandoná, presidente do Sindicato de Comércio Varejista de Produtos Farmacêutico do Paraná (SINDIFARMA) defende a aprovação da proposta do Governo até dezembro, com a possibilidade da redução dos valores e parcelamento. “Nesse momento, como entidade e pensando na situação desses proprietários, gostaríamos que o projeto fosse aprovado até o fim do ano. Os comerciantes estão muito endividados e preocupados. Por isso, a necessidade nesse primeiro momento de diminuição dos valores e viabilização do parcelamento, sem juros, para, posteriormente, discutirmos como ficará no futuro”, defendeu.

Fábio Artigas Grillo, presidente da Comissão de Direito Tributário da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR) e José Julberto Meira Junior, advogado e membro da mesma Comissão, fizeram recomendações ao projeto. Entre elas, a de que o Governo deveria rever a possibilidade de parcelamento, no sentido de permiti-lo às empresas que têm débitos acumulados relativos à ICMS-ST. “As empresas estão sendo cobradas à vista, executadas na justiça. É importante a sensibilidade da SEFA neste momento”, completou Grillo.

Estevão Ramalho, coordenador de Fiscalização da Secretaria Estadual da Fazenda e Fernandes dos Santos, auditor fiscal, explicaram que estudam algumas mudanças na cobrança, mas que o projeto de lei obedece ao que preconiza a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Proprietários buscam solução
O deputado Cobra Repórter (PSD) contou a história de um farmacêutico do norte do estado que o procurou, porque está com uma dívida de R$ 300 mil e não tem condições de pagá-la. “Ele me disse, inclusive, que vai ter que fechar as portas se nada for feito. Então, gostaria que pudéssemos buscar uma alternativa em defesa desses donos de farmácia. Conheço a situação de apenas um deles, e imagino como devem ter muito mais farmacêuticos desesperados”, pontuou.

Outro proprietário, Fábio Britto Moreira, agradeceu o fato do governo abrir o diálogo, mas explicou que nem imaginava que tinha uma dívida com o fisco. “Repassávamos os valores para as distribuidoras. O projeto é um avanço, mas as farmácias não vão conseguir arcar com essas despesas. Principalmente, os pequenos proprietários. Pedimos que o governo recalcule essa dívida pelo parcelamento sem juros, nem multas e pelo MVA, Margem de Valor Agregado”.

O farmacêutico foi essencial na pandemia, destacou a diretora-secretária da Associação dos Farmacêuticos do Paraná (APFPR), Ana Paula Vilar Ribeiro da Silva. “Fechar farmácias acarreta lotação no SUS, porque, muitas vezes, atuamos na prevenção de doenças. Dia e noite”, reforçou.

Também participaram da audiência, Fábio Augusto do Carmo Santana, presidente do Sindicato dos Farmacêuticos do Estado do Paraná (SINDIFAR) e José Carlos Tozetto Vettorazzi, vice-presidente da Associação Paranaense dos Farmacêuticos (ASPAFAR).

O projeto
De acordo com o governo estadual, a proposição é necessária para implementar na legislação tributária a dispensa da multa punitiva, autorizada pelo Convênio ICMS 68/2021. O projeto também pretende adequar dispositivos da Lei Complementar n° 231/2020, já que, como se encontram as dívidas, elas são passíveis de execução pela Secretaria de Estado da Fazenda.

Na justificativa da matéria, o Executivo reitera que os valores que poderão ser objeto de parcelamento com a dispensa de multa não decorrem de créditos tributários constituídos, mas sim de valores oferecidos por adesão voluntária pelos contribuintes em sede de autorregularização. Com isso, a dispensa da multa punitiva relativa a esses valores não enseja impacto fiscal, uma vez que nesse momento, não há crédito tributário constituído. A dispensa está condicionada a regularidade do pagamento das parcelas.

(Com informações da assessoria de comunicação da ALEP-PR)

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